A esquerda internacional encontra-se num dilema. Desde a queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS (que não significou a morte do comunismo, mas sua metamorfose), a seita marxista vem acumulando fracassos naquilo que constitui a sua razão de ser: a conquista da opinião pública.
A formação da União Européia (UE), anterior ao atual declínio das esquerdas na Europa, constitui em nossos dias um fator próprio a revigorá-las. Com efeito, aquele organismo internacional tem por objetivo aglutinar as nações do continente europeu e ir eliminando gradualmente as soberanias de cada uma delas.
A partir de burocratas a serviço de um governo central sediado em Bruxelas, a UE disporia a seu talante do destino de todas elas, o que tem levado diversos observadores a falar de uma União das Repúblicas Socialistas da Europa. De tal maneira esse plano parece constituir ponto de honra para os condutores do processo revolucionário na Europa, que eles vêm atropelando a opinião pública de diversos países, que nos referendos até aqui realizados tem-se manifestado infensa à propaganda eurocêntrica.
Paralelamente à Europa, ao que tudo indica um plano semelhante vem sendo aplicado na América Latina, embora em estágio menos avançado. Consistiria na formação de um só bloco englobando todos os países do Continente, dirigido por líderes populistas como o venezuelano Chávez, propugnadores de um enigmático e preocupante “socialismo do século XXI”.
Em tal contexto se insere a matéria de capa desta edição, que trata de Honduras e a crise ali instalada. Se na Europa a Irlanda tem sido o principal obstáculo à Constituição da UE, que agora pende da decisão da República Checa, de algum modo se pode dizer que Honduras exerce, ao lado da Colômbia, obstáculo semelhante para a formação de um bloco socialista na América Latina.
Daí o afinco com que todas as forças da esquerda internacional — especialmente ONU, OEA e ALBA — se vêm empenhando para remover essa incômoda pedra do caminho.
Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor
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